Os bancos fecharam 17.801 postos de trabalho no Brasil, entre janeiro e outubro de 2017, de acordo com a análise dos dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho, feita pela subseção do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) da Contraf-CUT.

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O mês de julho foi o único do ano no qual houve registro de saldo positivo de postos de trabalho, 72. Isto, após 17 meses consecutivos de saldos negativos no setor bancário. Nos três meses seguintes, o Caged registrou o fechamento de 7.121 postos impactado, principalmente, pelos PDVEs lançados por Caixa e Bradesco em julho de 2017.

Para Regiane Portieri, presidenta do Sindicato de Londrina, a categoria precisa somar forças neste momento para impedir que esse cenário se agrave ainda mais com a entrada em vigor da reforma trabalhista.

“Estamos sofrendo uma das maiores perdas de postos de trabalho da história, num processo de enxugamento impostos pelos bancos num cenário de alta lucratividade em que são penalizados bancários e bancárias com idade próxima de se aposentar, o que poderá gerar prejuízos maiores caso seja aprovada a reforma da Previdência”, aponta Regiane.

De acordo com a Pesquisa do Emprego Bancário, apenas a Paraíba apresentou saldo positivo no emprego bancário, com 49 postos abertos no período. Todos os demais estados apresentaram saldo negativo de emprego entre janeiro e outubro de 2017. São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro foram os estados mais impactados pelos cortes, com fechamento de 5.233, 2.885 e 1.919 postos, respectivamente.

A análise por Setor de Atividade Econômica revela que os “Bancos múltiplos com carteira comercial”, categoria que engloba bancos como, Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Banco do Brasil, foi responsável pelo fechamento de 10.682 postos no período analisado. Nesses, já podem estar incluídos postos fechados em decorrência do PDVE do Banco Bradesco, porém, os seus impactos podem se estender até o final do ano, tendo em vista o prazo dado de até 180 para a efetivação dos desligamentos.

A Caixa foi responsável pelo fechamento de 6.827 postos, sendo 3.039 em março e 2.302 em agosto, os dois piores saldos apresentados. Meses, estes, seguintes às divulgações dos PDVs, também, abertos pela instituição em 2017. O mês de setembro apresentou o primeiro saldo positivo na Caixa, desde março de 2015 (56 postos abertos), voltando a ser negativo em outubro (-38).

Discriminação até na hora de demitir

O fechamento dos postos bancários concentrou-se na faixa etária entre 50 a 64 anos, com fechamento de 14.643 postos de trabalho. Esse dado é indicativo do resultado dos PDVs anunciados, por se destinarem a bancários aposentados ou em vias de se aposentar. Os saldos positivos concentram-se na faixa etária entre 18 e 25 anos (6.422 postos), sendo que o saldo positivo se estende apenas para bancários com até 29 anos de idade.

As 10.195 mulheres admitidas nos bancos entre janeiro e outubro de 2017 receberam, em média, R$ 3.468,53. Esse valor corresponde a 71,1% da remuneração média auferida pelos 10.369 homens contratados no mesmo período. Constata-se a diferença de remuneração entre homens e mulheres também nos desligamentos. As 19.817 mulheres desligadas dos bancos recebiam, em média, R$ 6.547,45, o que representou 77,3% da remuneração média dos 18.548 homens desligados dos bancos no período.

Fonte: Contraf-CUT