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Jornalista José Arbex. Foto: Joka Madruga

POSTED BY: PAULA 20 DE NOVEMBRO DE 2015

Para o jornalista José Arbex, professor da PUC/SP, “o problema é muito mais grave que a meia dúzia de coxinhas que estão se manifestando”. Ele acredita que estamos numa encruzilhada civilizatória com cisão da humanidade dentro de nós.

Ele cita a fome, que não é por falta de comida, com um bilhão de famintos no mundo, as guerras civis na chamada primavera árabe e do processo de limpeza étnica que ocorre no Brasil com os assassinatos de jovens negros. “A fome é produzida porque os alimentos são tratados como mercadorias especulativas nos mercados financeiros”.

Esses elementos ele chama de “cisão da humanidade dentro de nós”. Ele explica contando que 60 mil pessoas morrem por ano na Síria, mas que esse é o mesmo número de pessoas assassinadas a tiros por arma de fogo no Brasil e que 70% são jovens negros entre 15 e 30 anos. “E isso não aparece na mídia”.

Ele comparou com a comoção causada pelo atentado em Paris. “Morreram em Paris 130 pessoas, que é menos do que se morre a bala todos os dias no Brasil. Se eu fosse escrever sobre isso, ia dizer que Paris teve um dia de Brasil”, diz Arbex.

“A mídia ideológica dá valor a determinados segmentos e oculta o que diz respeito ao outro, que está sendo negado e é invisível. Quando eu falo que existe uma Síria no Brasil a reação é de espanto”.

José Arbex participou da mesa “A mídia e o fortalecimento do conservadorismo” na manhã desta quinta-feira, 19 de novembro, durante o 21º Curso Anual do Núcleo Piratininga de Comunicação, que será realizado até o próximo domingo, 22, no Rio de Janeiro.

Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males