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MC Rafael Calazans. Foto: Joka Madruga

POSTED BY: PAULA 20 DE NOVEMBRO DE 2015

“O maior projeto social que existe há 30 anos no Rio de Janeiro é o baile funk”, descreve Rafael Calazans, MC do Complexo do Alemão, que disse ainda que entrou tarde na escola e que o baile funk foi sua primeira forma de saber escrever. Atualmente ele é estudante da Universidade Federal do Rio de Janeiro e militante das favelas, para ele o verdadeiro socialismo.

“Não existe mendigo na favela. Tem muita pobreza, mas gente sem casa e passando fome não existe”.

Calazans iniciou sua fala na mesa sobre “Arte e cultura na periferia”, durante a tarde desta quinta-feira, 19 de novembro, no 21º Curso Anual do NPC, lembrando que estamos na semana da consciência negra. E que no complexo de favelas onde ele mora, no Alemão, desde que foi pacificada (“palavra maldita”) em 2010, em 80% dos dias existe tiroteio. E citou também o massacre dos jovens negros já relatado por outro palestrante do curso. “Não temos nada a comemorar”.

Resistência popular do povo preto

Calazans defende que o baile funk mexe na sustentabilidade de uma economia (da favela) que é solidária. “Entre não ter nada, a gente só tem um ao outro”. Ele destaca que a arte e cultura da favela é de sobrevivência. “Socialismo é a favela e quando o morro descer pro asfalto é para fazer um baile funk”.

 Também participaram da mesa o sociólogo Tiaraju Pablo, nascido na periferia de São Paulo, e Luiz Antônio Simas, nascido na Zona Norte do Rio, que também falaram da caracterização de periferia e de ocupar as ruas não como locais de passagem, mas de encontros.

O 21º Curso Anual do NPC continua até o próximo domingo, 22, no Rio de Janeiro.

Por Paula Zarth Padilha
Terra Sem Males